Glorificação. Mesa, cadeiras, termos de uso de imagem,
responsabilidade, senhas, televisão, cavaletes, areia,
liquidificador, pessoas, música, suor, calor, confusão.
Dimensões variadas.

Você entra, olha em volta. Cadeiras. Revistas. Palavras
cruzadas já feitas. Uma TV — os bichos mais peçonhentos
do deserto. Você escolhe um lugar, senta. Senha na mão.
Sensações hipotéticas e provisórias. Os pensamentos se
colidem: O que nos espera? O que não nos falaram? Quem
entrará comigo? Quando vamos iremos entrar? Quando eu
vou sair? O que iremos encontrar?

O caráter da espera é sobretudo o intervalo da expectativa.

Aqui, o convite é exercitar, sem presa, as condições do
tempo. Uma pausa. Uma parada. Um prazo. Um momento
de curiosidade alheia do nos aguarda no outro lado da
parede. Mas o que são as praguinhas do deserto?
As praguinhas são insanamente contagiantes. Temos
desenvoltura e não paramos por aí. Toda situação é jogo e a
peteca nunca cai. Esperamos o momento, armamos o bote,
ficamos a espreita. Atentos ao sinal, à sirene, ao radio, ao
televisor, aos sonetos da última sinfonia — somente então te
entregamos o ouro

Não há respiro para essa experiência.

Somos, neste momento, integrados.
Antes de mais nada e apesar de tudo — celebre.
Estamos o tempo inteiro ou inteiramente em tempo,
comemorando incansavelmente
a incerteza
a duvida
a emoção
a descoberta
talvez seja esse o nosso propósito
a nossa cura
nossos planos são exageros,
nossas angústias combustíveis,
nossas dores propulsores e o nosso deboche um meio,

um elemento químico pronto para ligar suas estruturas ao
imaginável,
e portanto,
ao infinito.
planejamos a devastação dos modos armados,
nossa arapuca nos serviu a glória,
enfeitada e enfeitiçada.
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